MATA ATLÂNTICA BRASILEIRA: ANÁLISE DO EFEITO DE BORDA EM FRAGMENTOS FLORESTAIS REMANESCENTES DE UM HOTSPOT PARA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

Abstract

A destruição e fragmentação das paisagens naturais figuram entre as principais causas de perda de biodiversidade. Dentro desse contexto, o efeito de borda é uma comum problemática em fragmentos florestais, especialmente em áreas adjacentes à mananciais hídricos. Além disso, a crise hídrica da região Sudeste do Brasil nos últimos anos torna a análise florestal do entorno de reservatórios uma importante questão a ser estudada em detalhe. O presente estudo teve como objetivo comparar o efeito de borda em remanescentes florestais de Mata Atlântica no entorno de um reservatório que abastece a região metropolitana de São Paulo, mostrando que diferentes matrizes ao redor desses remanescentes florestais podem influenciar significativamente a conservação do manancial hídrico em um hotspot para conservação da biodiversidade. A área delimitada para realização dessa pesquisa foi localizada próxima à represa Atibainha, Sistema Cantareira, município de Nazaré Paulista, São Paulo, Brasil. Foram selecionados dez fragmentos florestais para análises de paisagem, sendo cinco deles circundados por urbanização e rodovias e os outros cinco por áreas de pastagem, levando em consideração fragmentos de forma, tamanho e isolamento semelhante. Os fragmentos florestais cujo entorno foi representado por rodovias e áreas urbanas (meio antrópico de uso intensivo) tiveram média de 33,64% de área de borda em sua superfície total, enquanto os fragmentos com entorno representado por matriz de pastagem (uso extensivo) tiveram média de 17,12% de área de borda, significativamente diferentes. Em conclusão, fragmentos florestais circundados por matriz antropizada por ações mais intensivas apresentam maior área e efeito de borda que os fragmentos florestais envoltos por matriz de uso menos intenso, tal como pastagens. Esses resultados podem ser utilizados como base para projetos de conservação que visem a recuperação de áreas florestais degradadas e fragmentadas, especialmente no entorno mananciais hídricos que abastecem grandes cidades inclusas geograficamente dentro do bioma Mata Atlântica.