Acervos documentais e ensino de História: reflexões sobre as dimensões públicas de um centro de memória

Autores

  • Maria Sílvia Duarte Hadler Centro de Memória-Unicamp/ Universidade Estadual de Campinas
  • Arnaldo Pinto Junior Faculdade de Educação/Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.33871/23594381.2021.19.1.174-190

Palavras-chave:

história pública, centro de memória, práticas educacionais, produção da cultura, ensino de história

Resumo

Tendo em vista o campo da cultura, observamos a produção contí­nua de formas de leitura e significação do mundo, de narrativas históricas diversas que buscam conferir sentido às experiências dos sujeitos no tempo, atingindo de forma heterogênea os diferentes grupos e instâncias de uma sociedade. Diante deste cenário, este artigo se propõe a situar a dimensão pública de práticas educacionais articuladas ao ensino de História, desenvolvidas a partir de um projeto de extensão formulado em torno de acervos documentais localizados no Centro de Memória-Unicamp (CMU). O referido projeto buscava promover a aproximação entre professores e estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas públicas de Campinas e o CMU, envolvendo a possibilidade de utilização de documentos arquiví­sticos em atividades de ensino da história local a partir da temática do patrimônio cultural. Pudemos experienciar situações de produção de conhecimento histórico educacional, o que também nos permitiu reflexões sobre as relações entre ensino de História e História Pública. A disponibilização de variadas fontes documentais pertencentes ao acervo do CMU, paralelamente às análises e discussões partilhadas com os professores, abriu caminho para o exercí­cio de leituras plurais relativas à história da cidade e de seus diferentes grupos sociais. Foram desenhadas possibilidades de maior contato com a diversidade de experiências humanas se movimentando nos espaços urbanos. A dimensão pública do ensino de História, como também o caráter público das frentes de divulgação do conhecimento histórico por meio do CMU tornaram-se mais visí­veis em vista do reconhecimento de sua potencialidade de participação nas disputas de narrativas nos espaços coletivos, fazendo parte de modo ativo e criativo da produção da cultura, bem como da memória social.

Palavras-chave: história pública, centro de memória, práticas educacionais, produção da cultura, ensino de história

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Biografia do Autor

Maria Sílvia Duarte Hadler, Centro de Memória-Unicamp/ Universidade Estadual de Campinas

doutora em Educação pela Unicamp, pesquisadora do Centro de Memória-Unicamp, atuando na área de pesquisa relacionada í  história, memória, cidade e snsibilidades

Arnaldo Pinto Junior, Faculdade de Educação/Unicamp

doutor em Educação pela Unicamp e docente da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas

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Publicado

2021-06-15