TERRITÓRIOS INVISÍVEIS

a arte como disputa do espaço e do sentido nas obras de Joseph Beuys

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/sensorium.2025.12.10815

Palavras-chave:

Joseph Beuys, arte contemporânea, território simbólico

Resumo

Este artigo analisa como a obra de Joseph Beuys transforma a arte contemporânea em um território simbólico de disputa, ativando gestos e materiais que ressignificam o espaço e reorganizam o imaginário coletivo. Parte-se do problema: de que modo sua produção reconfigura o território da arte como espaço simbólico de consagração e confronto? Para isso, a pesquisa adota uma abordagem interdisciplinar que articula arte, antropologia e psicologia, com base nos pensamentos de Mircea Eliade, Carl Gustav Jung e Clifford Geertz. Investiga-se como a escultura social proposta por Beuys atua como gesto fundador e reestruturante, especialmente ao mobilizar materiais como feltro, gordura e mel, compreendidos aqui como catalisadores simbólicos que ativam experiências arquetípicas. As análises apontam que esses elementos operam deslocamentos significativos no campo cultural, tornando visível a dimensão simbólica da criação artística como um modo de reorganizar o sensível. Mais do que representar o mundo, a prática de Beuys parece instaurar zonas de transformação, tensionando as fronteiras entre mito, política e vida cotidiana. Ao propor uma arte que atua diretamente sobre a realidade, sua obra sugere novas formas de relação com o coletivo e com os sistemas simbólicos que nos constituem. Assim, o estudo oferece uma leitura que reconhece a arte como um território ativo de ressignificação e reinvenção cultural.

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Biografia do Autor

Willian Bedim, UNESPAR

Mestrando em Artes Visuais pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), na linha de Processos Criativos Contemporâneos, sob orientação do Professor Pós-Doutor José Eliézer Mikosz. Integrante do Projeto de Pesquisa "Investigações em Poéticas Visuais", coordenado pelo mesmo orientador. Professor no Programa de Atividades de Ampliação de Jornada Periódica da SEED-PR, atuando no projeto "Laboratório de Arte e Cinema" (2024). Especialista em Educação Especial e Inclusiva (2019) e Neuropsicopedagogia (2018) pela Faculdade UNINA. Graduado em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2017). Professor da educação básica pública do Estado do Paraná desde 2018, com foco no ensino de Artes e práticas interdisciplinares.

Renato Torres, UNESPAR

Doutor em Educação pela UFPR. Mestre em Educação pela UTP. Graduado em Gravura e Licenciatura em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Professor da UEPG, atuando no curso de Licenciatura em Artes Visuais. Membro do grupo de pesquisa História Intelectual e Educação (GPHIE-UFPR) e do grupo de pesquisa Interação entre arte, ciência e educação (INTERART-UEPG). Pesquisa sobre história do ensino da arte, processos de criação e gravura.

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Publicado

2025-07-03

Edição

Seção

Dossiê: Inconsciente e contracultura: dissidências artísticas alternativas