A "Odisseia" de Ai Weiwei: fórmulas antigas entre o épico e o trágico na arte contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.33871/23580437.2021.8.1.103-117Palavras-chave:
Ai Weiwei, Pathosformeln, Aby Warburg e arte contemporânea, Épico na arte contemporânea, Trágico na arte contemporânea.Resumo
Na mostra "Raiz" (2018), de Ai Weiwei na Oca, São Paulo, o visitante podia contemplar um grande mural estampado em adesivo vinílico que cobria um elemento arquitetônico da edificação. Tratava-se da obra "Odisseia" (2017), cujo tema central é a crise contemporânea de refugiados. Consiste numa sequência de figuras, tratadas em preto e branco como silhuetas bidimensionais que lembram as antigas pinturas em cerâmica gregas, nas quais vemos cenas de guerra, ruínas, viagem, travessia marítima, campos de refugiados e manifestações. Para o argumento deste artigo, aproximamos Ai Weiwei de Aby Warburg. Podemos identificar nas silhuetas de "Odisseia" diversas fórmulas depathos(pathosformeln): a agressão e a defesa; o gesto da proteção (anjo e criança); a ninfa canéfora; o herói morto e as formas de luto. Parece-nos pertinente, então, retornar à questão perseguida por Warburg durante sua vida sobre a restituição do antigo, dessa vez no contemporâneo. Como e por que essas formas/fórmulas antigas retornam? A pertinência do problema de Warburg toca uma concepção de história da arte que se debruça sobre as experiências da comoção humana. O ativismo deWeiwei é pensado à luz das categorias de épico e trágico como descritas por George Steiner acerca de Tolstói e Dostoiévski.
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