DIAGNÓSTICO DOS EFEITOS CAUSADOS PELAS CHEIAS EXCEPCIONAIS DE 1982/1983 SOBRE A PLANÍCIE INUNDACIONAL DO ALTO RIO PARANÁ (PR-MS)

Autores

  • Edvard Elias SOUZA-FILHO Universidade Estadual de Maringá
  • Ericson Hideki HAYAKAWA Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais
  • Edivaldo Vitor COUTO Universidade Estadual de Maringá

Resumo

As Planícies de Inundações são complexos ecossistemas com a dinâmica adaptada ou tolerante a solos inundados, ou que periodicamente sejam inundados, e que tem papel fundamental no controle de inundações, manutenções de aqüíferos, ciclagem de nutrientes, controle da erosão e sedimentação, além de abrigar uma biota característica, onde se incluem muitas espécies de animais e plantas de interesse e importância para o homem. Estudos dedicados à planície de inundações são de valiosa importância, pois esses complexos paisagísticos abrigam diversos sistemas e subsistemas biológicos e físicos que guardam particularidades ambientais. O presente trabalho objetiva um monitoramento da planície de inundação do alto rio Paraná, por meio do sensoriamento remoto orbital, destacando os eventos de grandes cheias ocorridas no inicio da década de 1980, consideradas as maiores do século XX, e
enfatizando os impactos de tal evento nas formações vegetais. A cheia de 1982/1983 foi a maior e a mais prolongada já registrada no rio Paraná. Seus efeitos causaram a inundação de toda a calha fluvial e atingiu parte do terraço baixo, estabelecendo uma ampla conexão superficial. Apesar da magnitude do evento, seus efeitos ainda foram pouco estudados. A metodologia utilizada consistiu na aplicação do algoritmo de classificação supervisionada Battacharya em cenas Landsat-2/MSS do ano de 1981 (anterior à cheia) e em cenas Landsat-5/TM do ano de 1985 (posterior à cheia) bem como analise dos dados de vazão do rio para as datas anteriores e posteriores as cheias. Os resultados demonstram que entre 1981 e 1985 ocorreu um aumento da área ocupada pelo solo exposto (de 6% para 50 % da área estudada) e pelos corpos de água (de 24% para 26 %), e uma redução das áreas de vegetação arbórea (de 12 para 7 %), de vegetação arbustiva (de 12 para 7 %) e de vegetação higrófila (de 46 para 10 %). O aumento da área de solo exposto ocorreu graças ao baixo nível das águas que teria afetado a vegetação higrófila, à permanência da cheia de 1985, que teria afetado a vegetação arbustiva, e à ocupação antrópica, que teria avançado sobre a vegetação arbórea. O aumento da área dos corpos de água somente pode ser explicado por meio de uma alteração morfológica provocada pela cheia de 1982/1983, visto que o nível das águas do rio Paraná era mais baixo na passagem de 1981 (3,38 m em 23/11, na estação de Porto São José) do que na passagem de 1985 (2,94 m em 30/07). O estudo demonstrou que a cheia de 1982/1983 provocou modificações morfológicas na planície, e que as áreas ocupadas por vegetação higrófila e por vegetação arbustiva variam conforme o nível das águas do sistema.

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Publicado

2021-03-16

Edição

Seção

Artigos