A culpa é de quem? a queda da metáfora paterna vista pelo cinema

Autores

  • Adriano Messias de Oliveira Pontifí­cia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

DOI:

https://doi.org/10.33871/21750769.2017.9.1.1812

Resumo

O cinema e a psicanálise dialogam desde sempre: ambos trabalham com o imaginário, a fantasia e o oní­rico, transbordando – tanto em forma quanto em conteúdo – questões significativas que estão na ordem do dia do pensamento. Pode-se dizer ainda mais: que a chamada clí­nica da cultura, campo de interesse da semiótica psicanalí­tica, tem nas imagens fí­lmicas um amplo objeto de estudo. Os sintomas do mundo em que vivemos estão, por conseguinte, também na grande tela: desde o neorrealismo italiano até os mais recentes blockbusters, por exemplo, pode-se traçar uma panorâmica que assinala a queda do Nome-do-Pai, importante conceito lacaniano, o que nos serve de subsí­dio para pensarmos a violência, o terrorismo e a fragmentação da famí­lia em nosso tempo. Além disso, é possí­vel igualmente vislumbrar, para além do enfraquecimento da metáfora paterna, novas configurações da Lei que se fazem em um perí­odo de intensa crise ontopolí­tica. Neste escopo complexo, parto de dois filmes, A Culpa dos Pais (I bambini ci guardano, Vittorio De Sica, 1944) e Preciosa (Precious, Lee Daniels, 2009), representativos do que enuncio aqui. Ambos, separados um do outro em 55 anos e colocados em extremos cronológicos – o primeiro, na Segunda Guerra; o segundo, na primeira década do século XXI – permitem reflexões sobre a permanência do mal-estar na cultura e a decadência da estrutura familiar tradicional.

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Biografia do Autor

Adriano Messias de Oliveira, Pontifí­cia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Adriano Messias é pós-doutorando em Tecnologias da Inteligência e Design Digital (PUC-SP/Fapesp), doutor em Comunicação e Semiótica (PUC-SP/Fapesp), mestre em Comunicação e Sociabilidade (UFMG) e graduado em Jornalismo e Letras. Possui mais de 60 obras de ficção publicadas, com ênfase na literatura fantástica, e já recebeu vários prêmios e menções em literatura e em jornalismo. Foi pesquisador na Universitat Autònoma de Barcelona, Université Paris 8 (Vincennes-Saint-Denis), Université Paris 3 (Sorbonne Nouvelle) e Universidad de Buenos Aires. Sua tese de doutorado "Todos os monstros da Terra: bestiários do cinema e da literatura" foi publicada pela Educ/ Fapesp. É também tradutor e adaptador.

Referências

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: Editora Zouk, 2012.

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_______. O Seminário, Livro 23: O Sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.

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Publicado

01-06-2017

Como Citar

de Oliveira, A. M. (2017). A culpa é de quem? a queda da metáfora paterna vista pelo cinema. O Mosaico, 9(1). https://doi.org/10.33871/21750769.2017.9.1.1812