Para além de um simples movimento: Escola Sem Partido e o ensino de Ciências

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DOI:

https://doi.org/10.33871/23594381.2019.17.2.2739

Resumo

Este artigo apresenta discussões sobre o movimento Escola Sem Partido (ESP) apontando algumas reflexões sobre seus impactos no contexto escolar e no ensino de Ciências. Trata-se de uma problematização construí­da a partir de pesquisa bibliográfica. Para a busca dos referenciais teóricos utilizou-se os seguintes descritores: "escola sem partido" e "ensino de Ciências" . Selecionou-se 23 textos que passaram pelo processo teórico-metodológico da análise do conteúdo tendo como suporte analí­tico os Estudos Culturais em Educação. O ESP é percebido como um movimento que revela intenções de controle da ação docente a partir da proposta de criminalização de instituições de ensino e de professores(as) que por ventura estiverem realizando doutrinação dos(as) alunos(as) em temáticas relacionadas à religião, sexualidade, polí­tica, dentre outras. Entende-se que se a proposta do movimento Escola Sem Partido for incorporada à legislação educacional federal haverá impactos no ensino de Ciências numa perspectiva de retrocesso porque impediria a discussão de diversos temas que envolvam questões polí­ticas, sociais e culturais, de relevância nacional em vários âmbitos: na saúde pública, no meio ambiente, nos direitos sociais e assistência social. Na perspectiva dos Estudos Culturais em Educação, percebe-se a disputa ideológica para que ocorra a manutenção de um currí­culo acrí­tico, neutro e de lógica universalizante no ensino de Ciências. Assim, o ESP tem intenções contrárias à legislação educacional vigente, que propõe a formação crí­tica dos educandos da Educação Básica para o exercí­cio da cidadania tendo como um dos campos do conhecimento a Ciência.

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Biografia do Autor

Daniel Barcelos da Cunha, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA)

Professor EBBT de Biologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) campus Santa Inês. Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Jackson Ronie Sá-Silva, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)

Pós-Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Doutor em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); Professor Adjunto do Departamento de Biologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA); Professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Federal do Maranhão (PPECEM/UFMA); Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Maranhão (PPGE – UEMA)

Nilvanete Gomes de Lima, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA)

Professora EBBT de Sociologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) campus Santa Inês. Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA.

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Publicado

2019-08-19